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Escrever tem alguns desafios secretos que o escritor enfrenta sozinho. O texto precisa ser coerente, de preferência com ideias que se encadeiam e complementam naturalmente. A introdução, no entanto, tem ainda a peculiaridade de ter que conectar o Nada ao assunto de que o escritor quer tratar. Entre outras coisas, é por isso que esse post vai falar do Koningsdag.
Para aqueles que não sabem o que é o Koningsdag, como eu não sabia antes de vir pra cá, a ideia básica é o que segue: era uma vez o dia do aniversário de uma princesa, que em algum momento virou festa nacional (o dia, não a princesa) e mais tarde virou rainha (a princesa, não o dia) e portanto (o dia) recebeu o nome de Koninginnedag (Dia da Rainha). As sucessoras da rainha ao trono mantiveram a data, que continuou tendo o intuito de comemorar o aniversário da rainha. Isso até o ano passado, quando a rainha Wilhelmina abdicou do trono em favor do filho, Willem-Alexander. Logo, 2014 foi o primeiro ano que teve o Koningsdag (Dia do Rei).
O Koningsdag é o dia em que teoricamente os holandeses celebram o fato de terem um rei, bebendo à sua saúde. Na prática, é o dia em que os holandeses lembram da existência do rei e eles e todos os imigrantes que porventura estão aqui ou que vieram aqui especialmente pela festa bebem à saúde do rei, da rainha, do bispo, do cavalo, da torre e até a de cada um dos 8 peões.
Para isso, especialmente nesta data é permitido beber bebidas alcoólicas na rua (sim: o país que permite o uso de maconha e de alguns tipos de cogumelos não permite o uso de álcool em vias públicas) e várias tendas as vendendo são montadas na rua. Outra exceção é feita em relação à venda de qualquer tipo de produto: qualquer um pode ir para a rua vender o que quiser, sem precisar de licença para abrir a banquinha. As pessoas que querem fazer isso geralmente se reúnem no mesmo lugar, uma espécie de camelódromo improvisado, e alegremente celebram a vida do rei, a liberdade, e o lucro - principalmente o último.
Todas cidades da Holanda tem alguma festividade marcada para o dia. Aqui em Groningen foram montados palcos para bandas no Vismarkt e no Grote Markt; entre os dois havia ainda um menor em que só tocavam DJ's. Ouvi falar de outras estruturas no resto da cidade, mas dessas não participei.
Na verdade, por causa das tendas de bebidas e das bandas, a festa toda soou para mim como um Kerb de Estância Velha anabolizado (Kerb é um tipo de festa que acontece em algumas cidades do sul do Brasil com forte influência germânica), inclusive as músicas! Tocou bastante música de bandinha, só que em holandês.
Nas semanas que antecederam o Koningsdag, também, a cidade toda se enfeitou pra ver a banda passar e criaram promoções com as ideias recorrentes de "seja um rei!", nas lojas de artigos masculinos, "escolha seu próprio rei!" nas lojas de artigos femininos, e "Feliz Páscoa!" nas coffeeshops (risos). O que não mudava, entre todas as coisas, era que tudo era laranja. Afinal, o laranja é a cor nacional, é a cor da seleção holandesa, é a cor do meu banco daqui, da minha cozinha, é a cor da barba do Van Gogh, é a cor daquela fruta cítrica que vai muito bem com um shot de Southern Comfort e, ademais, é a cor da insanidade.
Dizem que o Carnaval do Brasil é a maior festa de rua do mundo, mas depois do Koningsdag fiquei em dúvida. Aqui em Groningen já foi sensacional, mesmo com chuva a praça estava cheia; em Amsterdam deve com certeza ser sido coisa de outro planeta.
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Writing has some challenges that the writer has to deal with alone. The text must have coherence, preferably with ideas that chain and complement each other naturally. The introduction, however, has yet another peculiarity that is having to connect the Nothing to the subject of which the writer wants to write about. Among other things, that's why this post is going to address the Koningsdag.
To those who doesn't know what the heck is the Koningsdag, the way I didn't know before getting here, the basic idea is as follows: once upon a time there was a pricess' birthday, that at some moment became a national party (the birthday, not the princess), and later when she became a queen (the princess, not the day) and therefore (the day) received the name Koninginnedag (Queen's Day). The queen throne's successor queens (does this phrase make any sense?) kept the date, which continued having the purpose of observing the queen's birthdate. Until last year, when the Queen Wilhelmina abdicated the throne in favour of her son, Willem-Alexander. Therefore, 2014 was the first year ever to have a Koningsdag (King's Day).
The Koningsdag is the day in which theoretically dutch people celebrate the fact they have a king, drinking to his royal health. On practice, though, it's the day in which dutch people remember of the existence of the king and they and the immigrants that perchance are in Netherlands or that specially came here for the party drink to the king's health, the queen's, the bishop's, the knight's, the rook's and even to health of each one of the 8 pawns.
For that, specially on this date it is allowed to drink alcoholic beverages in the streets (yes: the mushroom's and weed's use allowing country also does not allow to drink alcohol in the streets, shocking huh?) and many stands selling it are assembled in the sidewalks. Another exception is made relating to any other kind of good: anyone may go to the streets and sell whatever they want to, no need to have a license or something for that. The people that wants to do that usually gather in some sort of an impromptu "camelodromo" (very famous places in Brazil, where all kinds of crap are sold), and joyfully celebrate the king's life, the freedom, and the profit - specially the last one.
Every city in the Netherlands have something prepared for this day. Here in Groningen were set up stages for bands at Vismarkt and Grote Markt; between them there was another one, smaller, just for DJ's. I've heard about other things going on on the rest of the city, but these ones I didn't participate of.
Actually, because of all the drinking tents and bands, the party itself resembles to Estancia Velha's Kerb (Kerb is a kind of festival that takes place in some southern brazilian cities with a strong germanic culture), even the songs! They played a lot of the so-called (called so by us, brazilian people) "bandinha" music, but in dutch, of course.
In the weeks preceding the Koningsdag, also, the whole city got adorned and were created a lot of sales with the recurring ideas of "be a king!", on the men article shops, "choose your own king!", on the women article shops, and "Happy Easter!" on the coffeeshops (jk). What was everywhere, though, was the orange color. After all, orange is the national color, is the color of the dutch football team, of the bank I use here, my kitchen's color, is the color of Van Gogh's beard, is the color of that citric fruit that matches perfectly a shot of Southern Comfort and, moreover, it's the color of insanity.
They say Brazilian Carnival is the biggest street party in the world, but after this Koningsdag I got skeptic about that. Here in Groningen it was already awesome, the square was crowded even though was raining; in Amsterdam it must have been unbelievable.
Pronto pra sair, mas não tenho calça laranja. // Ready to go, but I don't have orange pants. |
Time dos Malitos, só o pessoal são e sério da Albertine, mais agregados. // Malitos Team, just sane and serious people from Albertine plus some friends. |
Em outro ponto da festa, o Time da Zuera. Porque brasileiro é foda. // In another point of the party, the Zuera's Team. Because brazilian people are fucked up. |